Começa a se discutir a validade ou não, em nossa lastimável realidade educacional, da inclusão dos "tablets" - em especial o iPad, na sala de aula.
De um lado, estão os detratores de plantão, que vão dos menos esclarecidos (que atacam qualquer iniciativa, principalmente se ela vem do governo e se o governo for do PT) aos mais esclarecidos (que apresentam números e fatos indicando serem muitas as prioridades antes de se pensar em tablets na sala de aula).
Esta semana, um embate muito interessante está ocorrendo no Jornal 247 (www.brasil247.com.br). Um editorial denominado "Vá em frente, Mercadante" (leia aqui) comenta o texto intitulado "A pedagogia da marquetagem", publicado pelo jornalista Elio Gaspari na Folha de São Paulo (o texto de Gaspari na íntegra, está no corpo do artigo). Afirmando que o jornalista "pisou na bola" ao defender que a inclusão digital com iPads é pura ação marqueteira, o 247 gerou uma avalanche de comentários - prós e contras.
É irônico ver que o setor da educação, de onde se esperaria inovação e produção de conhecimento de alto nível, seja um dos mais estagnados do Brasil. Nossos alunos do século XXI estudam em escolas do século XIX. Se a odontologia tivesse andado ao mesmo passo da educação no país, provavelmente em sua próxima consulta você seria anestesiado com clorofórmio e seu dentista usaria uma broca de pedal.
Infelizmente, nosso Brasil ainda é Terceiro Mundo em vários aspectos e Primeiro Mundo em poucos. Logo, não podemos nos dar ao luxo de dizer "OK, vamos primeiro consertar a educação e depois implementar os iPads na sala de aula". Não dá. Temos que fazer tudo ao mesmo tempo - claro, com qualidade, bom senso e pedagogia adequada. Na sala de aula atual, os grandes estímulos transformadores vêm de fora, e não mais do professor. E, para sobreviver a esta nova sala de aula, o professor precisa mudar. Como diz Máximo Gorki, no final de "Pequenos Burgueses", nas palavras do bêbado Teteriev que não mede palavras com o pequeno burguês Bessemenov, que após a saída do filho de casa expulsa todos à sua volta:
“Não grite, velho... Você não pode mandar embora todos os que te atacam. Não se preocupe, o seu filho volta! (...) Quando você estiver morto, vai reformar alguma coisa deste estábulo... vai mudar os móveis de lugar... e vai viver como você vive agora... tranqüilo, razoável, acomodado... (...) Vai mudar os móveis de lugar, e vai viver com a consciência tranqüila de que cumpriu plenamente o seu dever perante a vida e os homens... É completamente idêntico a você! (...) Completamente idêntico, covarde e bobo! (...) E será, com o tempo, tão avarento como você. Tão seguro de si mesmo, como você... tão mau, como você... E um dia... será até infeliz como você é agora!... A vida avança, velho, e quem não avança ao lado dela, fica só! Como você...”
Como liberaram a calculadora em muitas escolas, o ipad agora é só uma questão de tempo, alias o mundo está cada vez mais globalizado, mais conectado, as crianças já não usam mais o lápis pra escrever, agora digitam, e muito menos lêem um livro, elas pegam a sinopse no Google , depois não reclamem quando essas mesmas crianças e futuros adultos escreverem na redação do ENEM que os ursos e os leões estão sumindo da Amazônia. Puta merda! Claro que a maldita culpa disso somos sós, seres humanos com wireless na cabeça, além de um cérebro.
ResponderExcluirA tendência é só piorar, antigamente a cola era na borracha, agora até a cola esta informatizada, e a cada dia que passa não sabemos o que vamos encontrar quando pegarmos os "anjinhos" colando.
Beijos.
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Nah Phatcholly
Natacha, concordo com você. Nós damos e ensinamos a tecnologia, portanto somos responsáveis por dosá-la e aplicá-la de maneira correta.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário!
Paulo