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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Gauchismos, mentalidade restrita e outras bobagens


O bom patrono de Feira do Livro deve ser gaúcho e franciscano dos pés descalços.

Na recente polêmica Gabriel o Pensador x Autores Gaúchos, cabe uma reflexão: será que o problema é quanto o Pensador (um artista que merece ser valorizado) cobra pelo seu show e venda de livros (num somatório que foi erroneamente designado “cachê” pela mídia local) ou nossos escritores é que estão ganhando pouco? Isto nada mais é do que o reflexo sincero da sociedade brasileira onde professores, escritores e outros "ores" fundamentais, verdadeiros pilares da sociedade, são tratados à margem. Agora, o outro lado da moeda: toda esta polêmica instalou-se, também, pelo fato de Gabriel o Pensador não ser gaúcho. Tenho certeza que, se em seu lugar estivesse um autor local com as mesmas qualidades (Gabriel é músico, escritor premiado com o Jabuti de melhor livro infantil e criador de uma ong que oferece reforço escolar para crianças carentes), não estariam todos esperneando e condenando o rapaz que, no final das contas, não tem culpa de nada, pois foi convidado pela organização do evento.E é justamente neste ponto que insisto quando alguém bate no peito e diz “ah, eu sou gaúcho”: está mais do que na hora de desentranharmos de nossa cultura este orgulho besta de achar que somente o que é daqui presta, que não precisamos de ninguém, que o gaúcho é melhor. Fico decepcionado quando, após apresentar meu portfolio (que inclui grandes indústrias farmacêuticas do Rio e SP), o cliente gaúcho diz: “hum, tudo bem... e fizeste algo para alguma empresa aqui de Porto Alegre?”Triste e melancólico ver como esta mentalidade embotada e restrita atrasa nossa vida, limita nossos negócios e leva aos quatro cantos do mundo nossa imagem de povo difícil de negociar.No fim das contas, o Pensador pressionado recuou. Vai fazer tudo de graça e os gaúchos conseguiram o que queriam: estampar nas primeiras páginas o “ganhamos” e o “aqui, mandamos nós!”. Mas poderia ser pior. Como o próprio Pensador mencionou, o show do Latino custa o dobro. E o Latino (mesmo de graça), não dá.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pobre gosta de luxo, azulejo e iPad!

"Pobre gosta mesmo é de luxo, gosta de se vestir bem, comer bem, morar bem e beber bem.
Esse negócio de que pobre não gosta de coisa boa é invenção de rico." (Luiz Inácio Lula da Silva)

Desde que criamos o projeto iPad Na Sala de Aula, pioneiro em mesclar capacitação de professores e pedagogia no uso da ferramenta, vivemos numa maré que varia do ame-o ao deixe-o. No time dos que amam, estão aqueles que enxergam neste aparelho um revolucionário suporte à educação, colocando na mão de professores e alunos até então inimagináveis recursos de mídia. No time dos que odeiam, encontram-se os bravos defensores do software livre, dos sistemas não-proprietários e dos tablets "baratos". 

Nós adotamos o dispositivo da Apple por diversos fatores. Entre os mais relevantes, cito a pesquisa prévia sobre conhecimento/intenção de aquisição (todas as escolas pesquisadas mencionaram o iPad e não outro tablet); uniformidade e suporte (ao contrário do Android, onde cada dispositivo possui uma versão diferente, o iPad possui apenas uma, atualizada automaticamente pela Apple quando necessário); segurança (que no Android Market ainda deixa muito a desejar, possibilitando a presença de apps maliciosos) e disponibilidade de aplicativos. Em nenhum momento se pensou em favorecimento da marca - nosso o objetivo do projeto não é vender iPads. Como almejávamos capacitação e harmonia entre o aspecto pedagógico e o técnico, tanto importava o equipamento escolhido. Se as escolas, na pesquisa prévia, assim tivessem respondido, o projeto seria Android na Sala de Aula - mas não foi assim.

Em resumo, adotamos o iPad pois percebemos o perigo de mais uma excelente ferramenta como o tablet ser desperdiçada por falta de capacitação dos professores (que geralmente são os últimos a serem consultados em qualquer projeto deste tipo). Outras tecnologias são tão boas quantas, mas o que aconteceu? Temos o UCA (Um Computador por Aluno), as lousas digitais, os projetores multimídia... tudo isso muito lindo e geralmente jogado na sala de aula sem nenhuma capacitação de quem irá usá-los - os professores! E depois, a culpa é deles quando as coisas não funcionam...

Alguns detratores dizem que e-readers poderiam substituir o iPad, com baixo custo, no projeto. Só que e-readers são isto - tablets para leitura, não mais. Em termos de multimídia, é como comparar um radinho de pilha com um Blue-Ray.

Outros se apegam à romântica questão do "software livre" (que, de livre, não tem nada - pergunte à qualquer gerente de TI que implementou Linux pois a "diretoria" não queria mais pagar por licenças do Windows…e depois, teve que contratar programadores). Dizem que os professores e as crianças ficarão "escravos" do iPad, um "ecossistema fechado…ora, a Apple disponibiliza em seu site todas as ferramentas gratuitas para qualquer pessoa desenvolver aplicativos para Mac, iPhone, iPad e Safari. Ontem mesmo li uma reportagem sobre um menino de 8 anos que, cansado dos jogos que já tinha, criou 2 aplicativos para o iPhone e já ganhou 800 dólares com isto…

E, finalmente, há quem diga que certo está o governo, que gastará até 180 milhões com a aquisição de 900 mil tablets. Isto dá, em média, 200 reais por tablet. Questiono seriamente a qualidade destes equipamentos. E, respondendo a um recente post que criticava nosso projeto: "O que seria melhor: oferecer e-readers para (digamos) 1 milhão de alunos, ou tablets multimídia para 100 mil?", eu digo: NENHUMA DAS OPÇÕES SERIA MELHOR. E invoco o presidente Lula, quando ele diz que pobre gosta de luxo. Só que gosto de interpretar este "pobre" como o pobre professor, que sofre com carga horária e salário incompatíveis com a dignidade e responsabilidade do cargo. E o luxo? O luxo é ter pelo menos ventilador na sala de aula, merenda, livros e recursos decentes, antes da implementação de tal arroubo marqueteiro do governo. Enquanto tivermos um dos piores índices internacionais de educação, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de nada adianta colocar um tablet na mão de cada professor. 

De nossa parte, sabemos que o iPad na Sala de Aula é um projeto que, sozinho, não conseguirá mudar a educação no Brasil. Mas uma coisa temos certeza: mudará a vida de alguns professores.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A polêmica do iPad na escola

Começa a se discutir a validade ou não, em nossa lastimável realidade educacional, da inclusão dos "tablets" -  em especial o iPad, na sala de aula. 
De um lado, estão os detratores de plantão, que vão dos menos esclarecidos (que atacam qualquer iniciativa, principalmente se ela vem do governo e se o governo for do PT) aos mais esclarecidos (que apresentam números e fatos indicando serem muitas as prioridades antes de se pensar em tablets na sala de aula).
Esta semana, um embate muito interessante está ocorrendo no Jornal 247 (www.brasil247.com.br). Um editorial denominado "Vá em frente, Mercadante" (leia aqui) comenta o texto intitulado "A pedagogia da marquetagem", publicado pelo jornalista Elio Gaspari na Folha de São Paulo (o texto de Gaspari na íntegra, está no corpo do artigo).  Afirmando que o jornalista "pisou na bola" ao defender que a inclusão digital com iPads é pura ação marqueteira, o 247 gerou uma avalanche de comentários - prós e contras.
É irônico ver que o setor da educação, de onde se esperaria inovação e produção de conhecimento de alto nível, seja um dos mais estagnados do Brasil. Nossos alunos do século XXI estudam em escolas do século XIX. Se a odontologia tivesse andado ao mesmo passo da educação no país, provavelmente em sua próxima consulta você seria anestesiado com clorofórmio e seu dentista usaria uma broca de pedal. 
Infelizmente, nosso Brasil ainda é Terceiro Mundo em vários aspectos e Primeiro Mundo em poucos. Logo, não podemos nos dar ao luxo de dizer "OK, vamos primeiro consertar a educação e depois implementar os iPads na sala de aula". Não dá. Temos que fazer tudo ao mesmo tempo - claro, com qualidade, bom senso e pedagogia adequada. Na sala de aula atual, os grandes estímulos transformadores vêm de fora, e não mais do professor. E, para sobreviver a esta nova sala de aula, o professor precisa mudar.   Como diz Máximo Gorki, no final de "Pequenos Burgueses", nas palavras do bêbado Teteriev que não mede palavras com o pequeno burguês Bessemenov, que após a saída do filho de casa expulsa todos à sua volta: 
“Não grite, velho... Você não pode mandar embora todos os que te atacam. Não se preocupe, o seu filho volta! (...) Quando você estiver morto, vai reformar alguma coisa deste estábulo... vai mudar os móveis de lugar... e vai viver como você vive agora... tranqüilo, razoável, acomodado... (...) Vai mudar os móveis de lugar, e vai viver com a consciência tranqüila de que cumpriu plenamente o seu dever perante a vida e os homens... É completamente idêntico a você! (...) Completamente idêntico, covarde e bobo! (...) E será, com o tempo, tão avarento como você. Tão seguro de si mesmo, como você... tão mau, como você... E um dia... será até infeliz como você é agora!... A vida avança, velho, e quem não avança ao lado dela, fica só! Como você...”

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Você conhece o TED?

Hoje quero falar um pouco do TED (www.ted.com). O TED (Technology, Entertainment and Design) é um projeto global de palestras. Nele, conferencistas de todo o mundo têm no máximo 18 minutos para expor suas idéias. Eles acreditam que o poder das idéias pode mudar atitudes, vidas e, como consequência, o mundo.

Através de um sistema colaborativo, o TED possui tradução para mais de 40 línguas. Desde sua criação, em 1984, acumula mais de 1.000 palestras online, que já foram vistas mais de 50 milhões de vezes.

O mais legal é que o TED estimula e permite a organização de eventos independentes, locais, com temas específicos de interesse das comunidades. Estes eventos são denominados TEDx - Independently Organized TED Events. No dia 29 de novembro, participei do TEDx Unisinos, em Porto Alegre, cujo tema foi Inovação na Educação. Não é necessário dizer que o evento foi sensacional, pelo conteúdo e organização. Veja um pouco AQUI.

Quero compartilhar com vocês duas palestras que assisti no TED, por indicação do Blog do TEDx Unisinos 2011 e que achei sensacionais. Não esqueçam de "ligar" a tradução do vídeo!

A primeira delas é "Aimee Mullins e seus 12 pares de pernas", onde esta mulher, que nasceu sem as fíbulas e teve suas pernas amputadas com 1 ano de idade, fala como é poder escolher sua altura, entre tantas outras coisas que ela aprendeu em sua vida ("Pamela Anderson tem mais prótese no corpo do que eu, e ninguém a chama de deficiente!").



A segunda é de Ethan Zuckerman, "Escutando as vozes globais". Esta fala por si!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Blogagem Coletiva: Comidas BREGAS

Esbarrei, por indicação da @ingridstrelow, nesta blogagem coletiva da semana. O tema? COMIDAS BREGAS, sugerido pela Ly Mello (http://lymello.blogspot.com/). Consultando minha memória, lembrei daquilo que seja, talvez, o supra-sumo neste quesito: os PETISCOS DE MESA DE CASAMENTO (pelo menos os antigos, do meu tempo...)!

Comecemos pelo ARRANJO DE OVOS DE CODORNA NO ABACAXI. Este, especificamente, eu classifico como "somente para os abonados". É o Top de Linha. É o Audi dos arranjos de mesa - pelo preço dos ovos de codorna. Dependendo do tamanho do abacaxi (o casamento em que você está se metendo ou a fruta propriamente dita), o estrago é grande no bolso. Ainda, fico pensando qual a relação do abacaxi com o ovo de codorna... é algo que, na minha cabeça, não "orna"... mas tudo bem. Vantagem: como o ovo é branco, os palitos se destacam, tornando a coisa toda um ouriço ameaçador. Pouca gente chega perto, aí no fim do seu casório ele está praticamente intacto - basta colocar tudo no vinagre novamente!


Não é o seu caso? Bem, temos opções para todos os bolsos! Em segundo lugar, mas não menos prestigiado, vem o ESPETINHO DE UVAS E COPA. Este é um prato beeeeeem flexível - pode ser montado como na foto, com uvas roxas grandes, de qualidade, uma copa defumada idem e bons pedaços de provolone. Ou, se você balança o cofrinho mas as moedas não fazem barulho, substitua sem dó por uva itália, salame e mussarela.


Hum... não dá ainda? Então resta a terceira e última opção: ESPETINHO DE SALSICHA. Esse é uma obra-prima de versatilidade. A única regra é: OBRIGATÓRIO O USO DE SALSICHA. A base pode ser um repolho enrolado em laminado, uma melancia cortada no meio, bola de isopor... o resto vai da sua imaginação: pepino, azeitona, tomate cereja, queijo em cubos, mortadela, cereja (outro item de abonados)... inclusive, para definir qual será o formato final, você pode jogar com seu(sua) parceiro(a) o divertido BINGO DO ESPETINHO. Funciona assim: faça um quadriculado tipo Jogo da Velha. Em cada um dos 9 quadrados, escreva o nome de um "recheio". O(a) parceiro(a) faz o mesmo. Tirem a sorte para ver quem começa e, um a um, vão dizendo os compontentes, até formarem um espetinho com 4 recheios. Vai ficar bem legal, pois será sortido - poderemos ter espetinhos com 4 tomates cerejas, 3 azeitonas e um pepino... coisa deliciosa!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Algodão doce pra você!

Gilda e Daniel Azulay
A Blogagem Coletiva sobre a infância, organizada pela Ingrid Strelow do Desconstruindo a Mãe, me fez lembrar com muito carinho de um educador que foi um grande exemplo para mim, além de estímulo para uma criatividade que sempre quis explorar: Daniel Azulay.

Há 35 anos, muitoantes dos atuais Mister Maker ou do Art Attack, Daniel Azulay nos encantava na TVE com seu programa repleto de criatividade. Além do desenho e da música, Daniel foi pioneiro na televisão ao estimular a criação de brinquedos com sucata. Lembro como ficava fascinado com a fazendinha de rolhas de cortiça (porquinhos, cavalos, ovelhas) e lembro, na época, da dificuldade em consegui-las! Lembro que esperava com ansiedade as idas até o sítio dos meus avós, pois no tradicional churrasco de domingo sempre eram abertas algumas garrafas de vinho...

O programa durou 10 anos, até 1986. Hoje, o Canal Futura apresenta o programa "Azuela do Azulay" e existe também uma inserção na TV Rá-Tim-Bum.
Deixou muita saudade, duma época que infelizmente não volta mais...



domingo, 16 de outubro de 2011

Valeu, Jobs!

Lalá brincando, Mamãe blogando
"Thanks, Dude!" ("Valeu, Cara!")... É o que consigo expressar passado um tempo do desencarne de Steve Jobs. Faz um tempo que ando pensando sobre o impacto da Apple no mundo de hoje (e no mundo que vem aí). E não é pouco. Muito do que fazemos hoje, das possibilidades que temos e do arsenal tecnológico disponível para nós e nossos filhos devemos à essa galera que nasceu próximo ou de preferência no ano de 1955.


Um Apple II Plus (igual ao que eu tinha!)
Olha o meu caso (e, por que não dizer, NOSSO caso - vejam na foto as loiras cibernéticas excercendo seus talentos informáticos): por força do meu tipo de trabalho (treinamento via e-learning), tive que adquirir um iPad há pouco mais de 1 ano. Aí fiquei pensando, "puxa, meu primeiro Apple!", sem me dar conta que, em 1983, quando eu tinha 15 anos, meu padrinho adquiriu um Apple II Plus, comprou um manual da linguagem BASIC, instalou tudo lá em casa e me disse: "Nós vamos ganhar dinheiro com isso!". É engraçado esquecer às vezes este fato, extremamente marcante em minha vida, simplesmente porque o mundo dos computadores mudou drasticamente desde então. Meu celular, hoje, tem um poder de processamento infinitamente maior do que aquele computador. Mas foi ele que me deu as noções sobre programação, informática e lógica que tanto uso hoje na vida. A tecnologia mergulha em você, e você nem percebe.

Mas, e o Jobs? Afinal, o que fez este cara?

Em 1976, ele fundou a Apple, uma empresa que acabou se tornando um modelo a ser seguido e copiado em termos de design, processamento, velocidade e inovação. Sua empresa mudou o modo como escutamos música, como usamos o telefone celular e o computador. Mais do que isso, está mudando a forma como as crianças enxergam e interagem com o mundo. Duvida? Assista o vídeo abaixo...


No final, o pai escreve: "Para a minha filha de 1 ano, uma revista é um iPad que não funciona. E vai ser isto para o resto de sua vida. Steve Jobs codificou parte de seu sistema operacional."

São os Nativos Digitais. Sua interação com a tecnologia é tão natural como a nossa com os livros.

Ao Jobs, que voltou a ser energia pura: Valeu, Cara!
★ 1955 ✝ 2011



sábado, 15 de outubro de 2011

Dia da Vergonha

Nos tempos modernos de hoje é muito bacana ver a mobilização popular que conseguimos com apenas um post no Twitter. Basta alguém dar um espirro de um jeito que você não gostou e PRONTO, lá vai o #espirronao pros Top Trends Brasil e, no ano seguinte, pode esperar uma passeata com 500 mil pessoas na Avenida Paulista, no Dia do Orgulho do Nariz.

E antes que eu seja tachado de homofóbico, racista, misógeno, publicitário (Hope, essa foi pra você, rsrs) ou qualquer outro artigo da nova Constituição Moral Brasileira, quero deixar claro que sempre fui a favor de qualquer minoria.

Só ando meio chateado é com a maioria burra.

As minorias têm, e sempre terão, direito à manifestação e à defesa contra seus históricos preconceitos. Só que hoje, tornadas maioria justamente pela voz que "interessados" lhes dão, estão (na minha opinião) levantando as bandeiras erradas.

Eu sou do tempo em que vovó dizia, "tem que se cortar o mal pela raiz".
E cortar o mal pela raiz passa por EDUCAÇÃO.

Se eu bater com uma lâmpada na cabeça de um homossexual na rua? Faltou EDUCAÇÃO.
Se eu chamar alguém de "negão"? Faltou EDUCAÇÃO.
Se eu bater na minha mulher e nos meus filhos? Faltou EDUCAÇÃO.

Posso ficar aqui listando coisas pra você até o Dia do Professor do ano que vem. Mas não é o caso.

É incrível não percebermos o júbilo da classe política a cada passeata de orgulho ou movimento social onde eles podem, depois, desfraldar aquela bandeira e dizer "NO MEU GOVERNO nunca antes houve tanto avanço social..." - mas é claro, isto nubla nossa visão dos REAIS problemas da sociedade!

É tanto Dia do Orgulho pipocando a cada semana que daqui a pouco não vai ter dia disponível. Porque seria legal termos alguns Dias da Vergonha.

Dia da Vergonha da Política.
Dia da Vergonha da Saúde.
Dia da Vergonha do Trânsito.
Dia da Vergonha dos Impostos.

AH, e falando nisso: Dia do Professor, hoje. Dia da Vergonha da Educação.
Nunca é tarde pra gente ver (e rever sempre!) o vídeo da Professora Amanda Gurgel.

Eu adoraria não precisar (com todos os impostos que eu, você e todos pagam) pagar plano de saúde particular. E também que meus filhos estudassem (como eu estudei) numa escola municipal.

Mas não dá. Não tenho coragem. Isso não tenho vergonha de admitir.
O que me envergonha, na realidade, é que isso não junta nem mil pessoas na Paulista.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Primeiro-Homem

Gurias blogueiras deste Brasil...

em primeiro lugar, obrigado demais por me ajudar num dia onde a autoestima estava no pó do rabo do cachorro. Se chovesse dinheiro, cairia um saco de dinheiro em mim. Se comprasse um circo, o Anão cresceria.
Conhecer novas amigas e excercitar a escrita, a fim de tomar ânimo e finalizar o livro que (segundo a Ingrid) está parado há 14 anos, foi muito bom.

Em segundo lugar, agora vem o desafio: me firmar como EU mesmo, e não como o "maridex da super-hiper-mega-deusa-loira Ingrid do Desconstruindo"... hehehe!

Porque, no momento e sem nenhum glamour, sinto-me uma Jackie Kennedy.

Beijo no coração de todas!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Blogagem Coletiva: Como era ser criança na minha infância.

By Daniela Moreno
Quando a Ingrid me falou sobre esta ideia da blogagem coletiva, pensei em fazer um texto.

Só fiquei preocupado em não produzir algo melancólico, porque ando meio intrigado (pra não dizer irritado) com as comparações que leio insistentemente, querendo mostrar um passado pretensamente melhor do que o presente (que nossos filhos vivem).

Então, pisando em ovos para não parecer um velho chato, lá vai...



TOP 10 KIDS FACTS DA MINHA INFÂNCIA


1) SEGURANÇA. Ou melhor, a falta dela. Até hoje me surpreendo com o fato de chegar da escola às 13 horas, almoçar e... sumir. Atrás do prédio onde eu morava existe ainda hoje um terreno imenso, com campo de futebol, árvores, muita grama... era ali que nossa 'gangue' se reunia e de onde só saía quando ouvíamos, um a um, o chamado das mães (aos gritos, na janela). Isso quando chamavam.
Esta é a realidade de quem foi criado sem neuras, e (creio) causando pouquíssimas neuras nas mães. Live and let die. Hoje, vejo por experiência própria o quanto cercamos nossos filhos numa redoma imposta pelo mundo. Com 7 anos eu tinha o triplo de arranhões que hoje tem a minha de 8 e o meu de 2 anos. Subi muito mais em árvores. Fazia fogo. Brincava com água quase que diariamente. Ainda tinha um sítio da vó para passar as férias. Por outro lado, viajávamos para perto ou longe sem cinto de segurança! Desnecessário dizer que nem cadeirinhas existiam. Ou pior, existiam mas eram simplesmente acopladas no banco, sem cinto, sem nada. Imagina fazer uma viagem (como fizemos) de Porto Alegre a Florianópolis, eu e minha irmã, brincando naquele mini-bagageiro que existe atrás do banco do Fusca?

2) ALIMENTAÇÃO. Desde que o mundo é mundo, a alimentação básica' do brasileiro é arroz, feijão e carne. O que varia são os complementos. Neste campo, muito do que sou hoje em termos alimentares vem do que herdei em família. Nossa casa não era o que se pode chamar de 'pródiga' em termos de vegetais; ainda hoje, para mim fruta é banana e 'vegetais' são basicamente tomate, couve e alface. Claro que gosto (e como) todo o resto, mas a cultura verde não é algo que se instalou em mim. Diferente da Ingrid, que tem uma cultura alimentar ótima em termos de variedade. Mas aqui vai um ponto: mesmo que minha sogra tenha apresentado a ela uma variedade muito maior do que minha mãe fez comigo, com certeza não era por CULTURA ALIMENTAR SAUDÁVEL, e sim por gosto. Ela gostava e fez isto com os filhos. Hoje, ao introduzirmos na alimentação da gurizada os vegetais, cereais e sucos indispensáveis, o fazemos por saber da QUALIDADE e VALOR desta alimentação, principalmente para o futuro desenvolvimento. No nosso tempo, era ROLETA RUSSA. Quem teve esta chance, parabens! Agora, ponto pra nós: lembro que salgadinho era algo CARO, logo DE VEZ EM QUANDO. Refrigerante não era caro, mas era chato: lembre que não tinha latinha e mesmo as garrafinhas pequenas deviam ser repostas, logo você tinha que tê-las em casa, logo pouco comprava-se refri! Era mais nas festas de aniversário... Isso ninguém pensa, né? Em nosso tempo, o reciclável era um conceito que funcionava... sacolas do supermercado eram de papel!!!

3) EDUCAÇÃO. Estudei até a quinta série numa escola municipal. Até hoje lembro detalhes muito nítidos deste período: a adaptação inicial, os medos, o descobrimento... Brincadeira, para os meninos, se resumia em bolitas de gude e futebol. O tempo todo. 24 horas por dia. Um eventual álbum de figurinhas entremeava estes dois esportes da nação masculina em 1975. Entrei na escola sabendo ler, e levei na boa estes primeiros anos. Lembro que nesta escola a criatividade era muito estimulada. E lembro principalmente da qualidade das professoras. E da merenda gostosa, que minha mãe ajudava a fazer e da qual eu sentia o maior orgulho... Depois, acabei passando também pelo Colégio Santa Inês e terminei o segundo grau na E.E. Florinda Tubino Sampaio - o famoso TUBINÃO. Lá, fui colega do Flávio Basso (Ex Cascavelletes e atual Júpiter Maçã) e convivi com o Fabrício Carpinejar, que na época estudava no Leopoldina mas circulava no colégio. Cult, não?

4) BRINQUEDOS. Que eu lembre, na minha infância brinquedos eram fabricados pela Estrela, pela Atma e pela Xalingo. E o preço variava nesta escala, de maior para menor. Destaque para os 'games' de tabuleiro! Banco Imobiliário, WAR, Detetive, Front... e parava por aí, também, porque a oferta não era muito grande. E, claro, tinha o Forte Apache, com cavalos, índios e vaqueiros, e aqueles bloquinhos clássicos, pintados de vermelho e verde, com a cúpula dos prédios triangular em vermelho. Existem até hoje...Uma coisa que me marcou bastante foi um kit gigantesco da Hering-Rasti (veja uma imagem aqui), com motores e tudo (para criar carrinhos e cataventos), que ganhei num destes natais da década de 70. Seria o equivalente ao Lego atual - só que com uma qualidade e complexidade bem maior.

5) TECNOLOGIA. Eu não tive iPad, iPod, iPhone. Não tive Xbox ou Playstation. Conheci de perto e usei muito máquina de escrever. Telefone era de discar, daqueles cinzas, grandões, e em Porto Alegre você  discava 6 números para falar com alguém. Conheci TV preto-e-branco. Conheci TV com seletor de canais de girar (que era a primeira coisa a estragar). Conheci antenas de TV de alumínio - que a gente entortava sem querer e pendurava Bombril na ponta, pra pegar melhor. O mais perto de tecnologia que cheguei na infância foi um Telejogo Philco (olha ele aqui!) que meu pai alugou - sim, porque Atari só veio com a adolescência.

6) LEITURA. Se tem uma coisa que meus pais sempre incentivaram, desde a tenra infância, foi o hábito da leitura. Lembro da mãe ter comprado a Enciclopédia Conhecer (12 volumes) e Os Bichos (5 volumes). Bem, com 6 anos de idade eu já tinha lido cada uma delas mais de uma vez. Além disso, o pai sempre que podia comprava revistinhas da Turma da Mônica, Pato Donald, Tio Patinhas e Zé Carioca. O orgulho de minha coleção era tanto que em diversas oportunidades coloquei todas as revistas na cama, para dormir comigo. Claro que acordava soterrado de revistas. Isto é algo que levei para a vida e que estou conseguindo, junto com a Ingrid (outra leitora ávida), passar para nossos filhos.

7) TELEVISÃO. Eram 6 os canais disponíveis na minha infância. Me marcaram muito Vila Sésamo (que comecei a assistir em preto-e-branco), Sítio do Pica-Pau Amarelo e Os Banana Split. Também destacaria o programa do Palhaço Tampinha e o Remendão. E os desenhos? Bom... neste quesito eu tenho certeza que esta época foi a época de ouro do desenho animado. Senão vejamos: Os Herculóides, Shazan, A Pantera Cor-de-Rosa, o Tamanduá e a Formiga, Space Ghost, Os Monstros Camaradas, O Urso do Cabelo Duro, Johnny Quest, A Corrida Maluca, Bom Bom e Mau Mau, Mr. Magoo, Tutubarão, Maguila o Gorila, O Poderoso Mightor... são muitos. E finalizo com aquele que foi o ícone da minha infância: ULTRAMAN!

8) SEXO. Só veio tardiamente, e na adolescência. A curiosidade normal havia, porém nada comparado ao que vejo hoje, ao saber que já circulam revistas 'adultas' na turminha de 7 anos, buscam no Google por 'gente pelada' e assistem aos absurdos que passam na TV (aberta e a cabo). Fico me perguntando se é distração dos pais de hoje, desenvolvimento acelerado dessa molecada ou ambos...

9) NÃO. Quando eu era criança, NÃO significava NÃO. E o limiar entre o NÃO e a PALMADA (ou CHINELADA, ou JORNALADA, ou seja lá o que estivesse à mão) não era dos maiores. Desculpem as(os) pedagogas(os), psicólogas(os), Secretárias(os) da Infância e Adolescência... mas não me tornei um serial-killer, espancador de mulheres ou de crianças porque recebi umas boas (e merecidas) chineladas quando era piá. E, pelo que me lembro, todas MUITO bem merecidas.

10) AMOR E RESPEITO. Coitados de meus pais! Se matavam de trabalhar para proporcionar conforto aos filhos. O pai no Banrisul, com várias horas extras, chegava tarde e pouco podia brincar com a gente. A mãe, cuidando da casa, de tudo e de todos (havia deixado o emprego no Estado, quando minha irmã nasceu). Ainda assim, arranjavam tempo e disposição para fazer algo diferente nos fins de semana: um banho na Cascatinha, em Viamão, um passeio ao Parque Saint-Hillaire, uma ida ao Parque da Redenção ou (um dos programas preferidos pelos pequenos Paulinho e Adri), um 'jantar' nos trailers de 'Xis' que, naquela época, eram comuns na Avenida Ipiranga. E, aos trancos e barrancos que era (e sempre foi) criar filhos num mundo em movimento, entendo que lograram êxito em educar duas pessoas que hoje são bem sucedidas como seres humanos e - o mais importante de tudo, os têm como exemplo de amor, dedicação e admiração. Quando às vezes, estou esgotado de tanto tentar ensinar o caminho certo para estas duas cabecinhas rebeldes da geração Z, lembro com carinho deles e sigo em frente, pensando: "-Vai dar certo, e vale a pena!"